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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Devotionem tuam-A resposta do Papa

Apesar das mortes quase seguida dos papas Inocêncio II e Celestino II, o novo papa Lúcio II respondeu ás pretensões portuguesas expressas na carta Claves regni de Dezembro do ano anterior.

A carta é habilidosa no sentido em que não aceita (ou recusa) por inteiro as pretensões enunciadas pelo rei português, fica-se por alguma meia-tinta diplomática, como aliás também se pode entender seja a sua atitude face aos dois reis cristãos de península ibérica.

Quais são os aspectos negativos ?

Não trata D.Afonso Henrique por Rei, trata-o simplesmente por "Ilustre duque portucalense", chama a Portugal terra e não reino, não fala em independência nem promete expressamente a protecção requerida, contra o poder de qualquer senhorio secular. (cf.D.F.Amaral).

e os aspectos favoráveis ?

Aceita a vassalagem e o tributo anual em ouro prometido considera D.Afonso Henriques como ovelha que Cristo recomendou a guarda de Pedro, reconhecendo a luta desenvolvida contra os pagãos e exprime o voto que, D.Afonso permaneça sempre defendido do assalto dos inimigos visíveis e invisíveis e protegido por S.Pedro tanto nas almas como nos corpos.(Cf.D.F.Amaral).

Não pode contudo deixar de se salientar, que muito embora a carta não tenha correspondido em absoluto ás pretensões portuguesas é um facto que desta carta escrita a 1 de Maio de 1144, resulta que a vassalagem proposta pelo rei de Portugal foi aceite e por consequência estaria implícito que assumiria os respectivos deveres.

José Mattoso afirma que não se conhece nenhuma reacção de D.Afonso VII de Leão á vassalagem proposta pelo rei Português antes de 1148, data em que terá tido conhecimento desta carta, o que faz jus á conclusão que se Devotionem tuam, não tivesse efeitos positivos para a autonomia portuguesa por certo Afonso VII não se teria dado ao incómodo de protestar junto da Santa Sé.

O protesto fundamentava-se que o Papa, lhe estaria a "diminuir o senhorio e a dignidade e quebrar os foros da monarquia e de que tivesse aceitado algumas coisas de Afonso Henriques e concedido outras que este pretendera, de modo que os direitos da coroa leonesa eram lesados, ou antes destruídos, com uma injustiça não transitória, mas perpétua", conforme Alexandre Herculano diz na sua História e Portugal

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