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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O casamento real

  • A escolha da Raínha

Não querendo "romantizar" em demasia a ideia expressa por Diogo Freitas do Amaral, abordada em postagem anterior, que Châmoa Gomes, mãe de 2 filhos seus , seria o "grande amor" da sua vida, o certa é que aos 35 anos D.Afonso Henriques continuava solteiro, era preciso tratar do seu casamento e não seria concerteza Châmoa Gomes a eleita para a "função" de Rainha.

Levando ainda mais longe a sua teorização romântica, Freitas do Amaral, diz ainda que D.Afonso Henriques terá tentado casar com Châmoa, mas não o terá conseguido, pois naquele tempo de indiscutível autoridade da Igreja Católica os Reis não podiam casar com as amantes e os filhos ilegítimos não podiam suceder-lhes na coroa.

Quanto á possibilidade da amante, deixar de o ser pelo casamento, também, não se poderia colocar, já que Châmoa Gomes, depois de enviuvar do seu primeiro marido, professara no mosteiro de Vairão, logo era Devota (de vota consagrada a Deus) e impedida de se casar.

Muito embora não haja qualquer prova documental, há quem afirme que D.Afonso terá casado com Châmoa, muito embora esse casamento tenha sido anulado pouco tempo depois.

Por outro lado a vassalagem prestada ao Papa com intuito de se promover a independência do Reino, tornava imperativo que D.Afonso Henriques se assumisse como um monarca católico e bem comportado.

Por outro lado os conselheiro do Rei não iriam admitir um casamento com uma familiar dum magnate galego, pois Chamoa era sobrinha do galego Peres Trava.

Quem escolher afinal para Rainha ?

Para alguns a deliberação de D.Afonso Henriques e seu conselheiros, em especial Egas Moniz e D.João Peculiar, teriam sido o de escolher noiva fora do âmbito da monarquia leonesa, não escolher mulher nem na Galiza, nem em Leão, indo buscar uma aliança mais longe.

O que mais uma vez demonstraria, segundo eles, o verdadeiro sentido de Estado do rei D.Afonso e seus conselheiros.

Para outros, por exemplo José Mattoso, a esta hipótese falhou por razões bem mais comezinhas, parece que nenhuma casa real da Península estaria interessada em casar uma sua princesa, com alguém que afinal era apenas duque, conforme o Papa Lúcio II o havia bem recentemente apelidado.

A escolha acabou por recair na filha de Amadeu III conde de Saboia, um condado autónomo não muito conhecido nas cortes peninsulares, mas nem por isso menos importante, como alguns cronistas da época julgavam, por certo por desconhecimento.

Uma das suas irmãs era rainha de França, por casamento com Luís VI, mãe do novo rei Luís VII, pelo que afinal D.Afonso Henriques viria a casar com a sobrinha dum dos Reis mais poderosos da cristandade

  • Quem foi então a nossa primeira Rainha ?

Era filha de Amadeu II, conde de Sabóia, Maurienne e Piemonte, e da condessa Mafalda de Albon. Ignora-se a data do seu nascimento, muito embora se se atender ao facto de ter sido mãe em Maio de 1147, atendendo a que terá casado em 1146, é crível, que andaria nessa data pelos 16-20 anos, pelo que se poderá deduzir que tenha nascido entre 1126 e 1130.

O casamento com o nosso monarca foi provavelmente em 1146. O certo é que só em Julho desse ano figura nos diplomas públicos o nome da soberana, com a forma de Mahada, tradução de Mahaut, nome da princesa de Sabóia.

Da vida da rainha pouco se sabe, mas fica a ideia que não teria muito bom feitio, não sendo bom o seu relacionamento com o prior de Santa Cruz, S.Teotónio.

Um dos conflitos relatados, aponta a sua teimosia em pretender visitar os claustro interiores do mosteiro de Santa Cruz, que Teotónio terá recusado, para não infringir as regras do mosteiro.

Como grande parte das fontes da época, a credibilidade das mesma deixa por vezes muito a desejar, sendo frequente na literatura religiosa da época, referências pouco lisonjeiras a mulheres que ousavam destacar-se enfrentado o poder, fosse civil ou religioso.

Algumas considerações mais românticas insistem em atribuir á vida desta Rainha um certo estigma de infelicidade, pela vivência que o marido lhe proporcionou."Veio encontrar um marido que amava outra mulher e já tinha dela dois filhos" (segundo DF Amaral) e esses desgostos amorosos causados pelo marido, ter-lhe-ão torturado o espírito, que fez "azedar-lhe o feitio.

Pessoalmente coloco algumas reservas a esta concepção, que me parece desajustada, dos conceitos do relacionamento entre casais no século XII. Acrescentado contudo um facto bastas vezes referido, por vários cronistas, que atribuem a D.Afonso Henriques um temperamento colérico.

A sua função materna, essa cumpriu-a em pleno, em apenas 12 anos de casamento, foi mãe de 7 filhos, tendo morrido no parto da última criança, a infanta Sancha em 4 de Novembro de 1157

Não constam nenhuns actos notáveis de que tomasse a iniciativa, além das muitas fundações de piedade e penitência que os cronistas lhe atribuem; como, porém, muitas vezes se confunde a mulher de D. Afonso Henriques com a infanta de Portugal e rainha de Castela, do mesmo nome, filha de D. Sancho I, nem todas as fundações que as crónicas lhe atribuem terão sido realmente dela, mas sim da neta.

Também lhe é atribuída a iniciativa da construção de uma ponte sobre o Douro (perto de Barqueiros) e outra sobre o Tâmega. Está sepultada em Santa Cruz de Coimbra junto do marido.

Este casamento com as devidas ressalvas terá acontecido no dia 31 de Março de 1146

PS.-Muito embora na maior parte dos documentos da época, apareça com o nome de Mafalda, subsistem dúvidas se o nome dela não seria Matilde

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