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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A vassalagem ao Papa

Na Idade Média existia um conceito, chamado "liberdade romana" que consistia em que "o mosteiro,ou diocese, ou reino, a que era concedida, ficava isento dos poderes civis ou eclesiásticos do lugar a que antes estava sujeito, reconhecendo para o futuro só a autoridade do romano Pontífice ou dos seus legados, ao qual ficava pagando um censo módico".

Ora habilmente, foi neste preceito que D.Afonso Henriques por certo aconselhado pelos seus "assessores", se baseou em tentar junto do papa Celestino II*, esta benesse que a ser-lhe concedida, traria para sempre a liberdade da dependência feudal do Imperador de Leão.

Isto aconteceu menos de 3 meses depois de Zamora a 13 de Dezembro de 1143, data da carta, onde declarava que tinha feito homenagem à Sé Apostólica, nas mãos de o cardeal Guido e que se obrigava a pagar à Santa Sé o censo anual de 4 onças de ouro, sob condição de o papa defender a sua honra e a dignidade da sua terra.Afirmando também que só reconhecia a autoridade do Papa e de mais nenhum poder eclesiástico ou secular.

Através desta carta Claves regni (as chaves do Reino), D.Afonso Henriques intitula-se"Afonso por graça de Deus Rei de Portugal", decide enfeudar o reino de Portugal á Santa Sé, carta confirmada por D.João Peculiar, arcebispo de Braga, D.Bernardo, bispo de Coimbra e D.Pedro, bispo do Porto.

Segundo Diogo Freitas do Amaral "o significado jurídico e político desta carta, tratou-se do que modernamente se designa por declaração unilateral de independência, no sentido de não acordada ou pactuada com Afonso VII de Leão.

Este foi com certeza o momento decisivo na independência de Portugal.

Um aspecto por esclarecer, prende-se com a não reacção de Afonso VII ao facto de segundo o que se diz nesta carta "que tinha feito homenagem à Sé Apostólica, nas mãos de o cardeal Guido" sendo que eventualmente isso tenha acontecido em Zamora dois meses antes.

Com se compreende que Afonso VII, não tenha então reagido a esse acto contrário aos seus interesses ?

Parece claro só existirem duas possibilidades ou não soube, podendo ter acontecido um encontro entre o cardeal Guido e D.Afonso, sem o seu conhecimento, ou soube e Guido de Vico lhe tenha assegurado que o acto de seu primo em nada o prejudicaria.

Afonso VII foi realmente enganado, pelo menos no plano ético, resta-me saber se esse conceito é apenas uma visão desajustada das práticas na Idade Média.


*-Alguns autores indicam Inocêncio II como o papa a quem Afonso Henriques enviou a Clóvis Regni, porém esse Papa já havia morrido em 24 de Setembro, sendo Celestino II papa desde 3 de Outubro de 1143.

Certo que só foi papa alguns meses, pois morreu em Março do ano seguinte.

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