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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Acontecimentos no ano de 1185


Morte de D.Afonso Henriques

(Igreja de Santa Cruz)
  • No dia 6 de Dezembro de 1185, faleceu em Coimbra, encontrando-se sepultado da Igreja de Santa Cruz, no mesmo túmulo acompanhado de sua mulher D.Mafalda.

  • O rei D.Manuel anos mais tarde considerou que o sepulcro era modesto, mandando fazer outro, transferindo então os restos mortais para a nave central da Igreja, mas voltaria pouco tempo depois outra vez para a capela-mor, para o mesmo local onde estava anteriormente.

  • Na mesma igreja em frente a seu pai, no lado oposto da capela-mor, repousam também os restos mortais de seu filho e herdeiro D. Sancho I.

  • Várias tentativas para se proceder à abertura do túmulo por iniciativa da professora Eugénia Cunha, que lidera uma vasta equipe luso-espanhola para estudo das ossadas, não têm colhido autorização superior, nomeadamente do IPPAR apoiado pela Ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.

  • Tanto quanto julgo saber a posição do IPPAR, salienta que essa iniciativa, não garante a salvaguarda do património.

Acontecimentos no ano de 1184


  • Foi por certo um dos últimos actos de D.Afonso Henriques, a negociação do casamento da sua filha Teresa Afonso, que já com 28 anos ainda não tinha casado. Historiadores recentes concluem que o rei tinha grande afeição por esta sua filha o que justifica em parte esse longo celibato da princesa.

  • Outras razões se poderão invocar, por um lado a necessidade de acompanhar e tratar, D.Afonso que desde Badajoz se sabe tenha ficado bastante dependente de ajuda e tratamento.Também se pode acrescentar, algum precaução no que à herança do trono dissesse respeito, não porque a sucessão por Sancho fosse questionada, mas por razões de precaução face a um possível desastre que custasse a vida do herdeiro.

  • Por volta de 1184 já Sancho e Dulce tinham tido filhos, um Henrique outro Raimundo e 3 filhas, porém a sua menoridade terá feito salvaguardar Teresa Afonso para uma eventual remota possibilidade de suceder a seu irmão Sancho.

  • Em 1184 porém como já descrito, podia então D.Afonso negociar o casamento de sua filha. Após demoradas negociações, D.Teresa Afonso foi dada em casamento a Filipe da Alsácia, conde de Flandres, já viúvo há cerca de 7 anos.

  • Grande espavento e numeroso séquito acompanhou a noiva, que assim se despedia de seu pai. que como não deveria ter deixado de imaginar, não voltaria a ver com vida.

  • Maria Roma (esposa de Diogo F. Amaral), num estudo apresentado II Congresso Histórico de Guimarães, traça a vida e o perfil da filha de D. Afonso Henriques, que vem a casar, em 1185, na catedral de Bruges, com Filipe da Alsácia. Cidade de Bruges ainda hoje celebra carinhosamente esta Infanta de Portugal.

  • Viria a enviuvar de Filipe, 6 anos mais tarde sem terem gerado filhos, afinal o grande desígnio do conde de Flandres para que o seu condado não viesse a cair nas mãos do rei de França.

  • Voltaria a casar com o duque Odo III da Borgonha em 1193, mas desse casamento também não nasceram herdeiros, pelo que acabou por ser repudiada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Acontecimentos do ano de 1182

Julião Pais é nomeado chanceler-mor do Reino
  • Julião Pais foi nomeado chanceler-mor do reino em 1182 em substituição de Pedro Feijão e após uma vacatura de cerca de 2 anos a que não será estranha a derrota de Arganal. Coincidindo por essa data a doação a Julião Peres do lugar de Ceira.

  • Este chanceler, iria estender a sua influência e o seu cargo ao longo de 3 reinados, pois só viria falecer em 1215. Foi pai do primeiro cardeal português de nome Egídio.
  • A sua nomeação e a longevidade, que obviamente ninguém poderia prever, constituiu o primeiro passo para a consolidação de organização administrativa do país.
  • Era ao chanceler-mor que estava confiado o selo real com que eram autenticados os diplomas régios. As suas funções eram amplas e incluíam o controlo dos diversos funcionários espalhados pelo País. Pode comparar-se ao que hoje em dia consideraríamos um primeiro-ministro.
  • O título de Mestre atribuído a Julião Pais reconhece grande sabedoria e vastos conhecimentos jurídicos, que dele fizeram pois, um dos responsáveis consolidação do reino português.
  • Faleceu em 1215 e está sepultado da Sé de Coimbra
Nascimento de D.Constança Sanches 3º filho de D.Sancho I

Nascida em Maio deste ano nasce o terceiro filho de D.Dulce, da qual não existem mais notícias, apenas a dúvida se terá morrido 4 anos mais tarde. não voltando a ser referenciada pela chacelaria do rei seu pau


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Acontecimentos no ano de 1181



  • Tentativa de reconquista de Silves

  • Com uma frota alargada a 40 navios, D,Fuas abalançava-se a atacar não só o Algarve como também Ceuta, inaugurando a tentativa de penetração em África que 3 séculos depois se iria retomar.
  • No ano de 1181 acabaria porém a precoce aventura naval deste almirante, que ao dirigir -se a Silves,com o intento de novo ataque, com a sua frota de 40 navios, foi confrontando com uma poderosa frota álmoada de 54 navios e nessa batalha ao largo do Cabo de São Vicente (para alguns seria do Espichel), seria morto e 20 dos nossos navios afundados.

  • Nascimento de D.Sancha, 2º filha de D.Sancho I 

    Em data incerta porém considerando 1181 como data limite das hipóteses de nascimento

    alguns tópicos da sua vida

    Assim que toma posse da Vila de Alenquer que seu Pai lhe legou, funda aí dois conventos  - um Dominicano e outro Franciscano- revelando a sua devoção e especial protecção pelas ordens mendicantes. Manda também edificar aprimitiva  Igreja do Redondo.
    Em 1210, funda em Celas (Coimbra) o Mosteiro de Santa Maria de de Celas da ordem de Cister, o qual segundo a lenda, foi a concretização de um sonho de criança.
    D. Sancha, nesta ocasião, mandou vir religiosas de uma pequena comunidade já existente no Lorvão e em Alenquer que tomou sob a sua protecção, com a intenção de fundar uma comunidade monástica. No início, o número de religiosas não ultrapassava uma dezena, mas no séc. XVI ultrapassava já uma centena.
    É em Celas que D. Sancha toma o hábito e vive uma vida de austeridade e oração àté à morte a 13 de Março de 1229. D. Teresa, manda então transladar o corpo da Irmã para Lorvão e toma sob sua protecção a Comunidade de Celas.
     
Devotada à vida religiosa, fundou o mosteiro de Celas (cisterciense), no qual viveu a maior parte da sua vida; o seu corpo foi depois depositado no Lorvão, regido pela sua irmã Teresa.

A 13 de Dezembro de 1705 Sancha foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Teresa.

Acontecimentos do ano 1180


Renascer dos conflitos com os álmoadas


  • Castelo de D. Fuas Roupinho
  • Uma vez rompidas as tréguas em 1178 parece ter libertado uma ânsia de combater pela parte dos Reis cristãos. Em especial por parte dos portugueses, a área de Sevilha pareceu ser a escolhida para fazer incidir os seus ataques.
  • Logo 1179 e desta vez usando a via marítima Fuas Roupinho o almirante da frota portuguesa, subindo o Guadalquivir, volta a atacar os arredores de Sevilha, saqueando e retirando de seguida.
  • A resposta não se fez esperar do lado almóada que usando a frota de Ceuta, ataca Lisboa, destruindo alguns navios e saqueando também os arredores
  • Nova ataque marítimo sob o comando do almirante, levou a novo raíde à ilha de Saltes e nova resposta já em Maio de 1180 terá levado os árabes a atacar a Nazaré e Porto de Mós, exactamente o castelo de alforia de D.Fuas Roupinho que ajudado pelos homens de Alcanena e de Santarém dizimou as hostes invasoras.
  • Em Julho do mesmo ano liderando uma frota portuguesa armada em Lisboa, D.Fuas derrota ao largo cabo Espichel uma frota de nove navios álmoadas inflingíndo-lhes pesada derrota.

Acontecimentos no ano de 1179



    • São factos do ano de 1179 a concessão dos forais dados por D.Afonso Henriques às cidades de Lisboa, Santarém e Coimbra, todas em Maio desse anos. 32 anos depois da conquista das duas primeiras, achava D.Afonso que as principais cidades do Reino podiam finalmente aspirar ter a sua própria administração.
    • Poucos meses antes dessa concessão, D.Afonso Henriques já com cerca de 70 anos entende chegada a hora de redigir o seu próprio testamento. Existem duas versões a primeira delas com data de Fevereiro desse ano e outra sem data mas não muito diferente da versão referida.
    • Esse testamento refere apenas os legados em dinheiro a instituições religiosas, reflectindo as suas preocupações, normais na época de associar essas dádivas à salvação da alma.
    • Revelador contudo foi a preocupação de distinguir as instituições em si mesmo e não os respectivos chefes, não beneficia bispos, ou as dioceses, contempla as obras das catedrais. Destina dinheiro para pobres e para hospitais de doentes peregrinos e viajantes.
    • Dá dinheiro para a recentemente criada Ordem de Évora, encarregada de defender a zona mais avançada do Reino, mas nada concede aos Templários, nem para os de Santiago, cujos rendimentos sabia bem elevados.
    • Testamento portanto também ele revelador do seu carácter.

    Manifestis probatum est

    • O ano de 1179 foi um bom ano para Portugal e para o nosso rei. Apenas 3 meses depois do seu testamento e no dia 23 de Maio e um pouco inesperadamente, Alexandre III por meio da bula Manifestis probatum est. reconheceu a D.Afonso Henriques o título de rei, declarando que o tomava a ele e aos seus herdeiros sob a protecção da Santa Sé, considerando Portugal como um reino pertencente a São Pedro, prometendo auxílio papal.
    • Tinham passado 36 anos desde a homenagem prestada por D.Afonso Henriques.
    • Mattoso defende uma teoria curiosa para esta decisão, numa altura em que se não esperava, nem tinha sido objecto de negociações específicas. Ele relaciona este acontecimento com o testamento de D.Afonso de 3 meses atrás.
    • Nesse testamento como disse foram amplamente contemplados a Igreja, as suas instituições e provavelmente ao próprio Papa não esquecendo que durante todos os anos passados desde a homenagem ao Papa, foram sempre escrupulosamente pagos os tributos devidos.
    • O emissário que teria dado a boa nova das contemplações testamentarias poderá ter sido o novo arcebispo de Braga, Godinho, anteriormente referido, que terá tomado parte no concílio de Latrão que teve lugar entre 5 e 19 de Março.
    • Sob o ponto de vista político naturalmente as alterações acontecidas na Península também justificavam amplamente que a D.Afonso Henriques fosse atribuído o título de Rex em detrimento do simples dux porque era anteriormente designado.
    • Não havia nenhum rei hegemónico como no tempo de Afonso VII, havia 5 reinos ibéricos independentes e essa questão era tão evidente que se iria manter durante séculos.
    • A partir de 1179 deixava de ser rei de facto para se tornar de pleno direito.
    • Haveria por certo razões de peso para se considerar que o dia de Portugal devia ser o dia 23 de Maio.


    • As questões entre Portugal e Leão continuavam mal resolvidas. Afonso Henriques, com se viu havia perdido todos os castelos em que se tornara senhor em Límia e Toroño e que além disso se julgava herdeiro por parte de sua mãe.
    • As relações com Fernando II já foram aqui bastas vezes referidas como extremamente tensas acentuadas com a anulação do casamento com a princesa portuguesa e do qual havia nascido herdeiro do trono leonês.
    • Desse divórcio nova questão havia nascido,a do terras de Castro Torafe que a infanta Urraca Afonso, havia recebido como dote de casamento e que Fernando II considerava retornadas, enquanto D.Afonso Henriques as pretendia destinar à Ordem de Santiago.
    • Esta questão e a convicção que os leoneses estavam enfraquecidos, em razão de 3 reencontros próximos com as forças almóadas, além dum ataque de Afonso VIII de Castela.
    • Assim em meados de 1179 e depois dum segundo ataque do rei de Castela, os portugueses sob o comando do herdeiro Sancho atacam, Ciudad Rodrigo, mas sofrem pesada derrota numa batalha campal em Arganal.
    • As posteriores tentativas de novo ataque foram sendo adiadas pois a eventualidade duma coligação com o rei de Castela esfumou-se devido a uma acordo de paz assinado entre Leão e Castela em Medina del Rioseco dois anos depois.
    • D.Sancho já rei haveria de voltar mais tarde ao combate por esta causa.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Acontecimentos no ano de 1178

  •  Ataque aos arredores de Sevilha
Independentemente do efeito político do casamento de Sancho com a herdeira de Aragão, os tempos na Península Ibérica no que aos aspectos diplomático diziam respeito, não se encontravam numa fase positiva.

  • Não tendo sido convidado para os múltiplos encontros que foram acontecendo demonstra que o afastamento de D.Afonso Henriques da cena era real e preocupante.
  • Em 1176 acordo de paz entre Castela e Navarra com a mediação de Henrique I de Inglaterra, originou vários acordos com o envolvimento da coroa de Aragão, não tendo sido D.Afonso chamado para essas negociações pelo menos como aliado de Aragão e Castela
  • Em 1177 Leão, Aragão e Castela unem-se militarmente para cercar Cuenca, como retaliação para um ataque ao rei de Castela por parte dos almóadas
  • Novamente em 1177 encontro em Tarazona, entre esses 3 reinos cristão, não estando Portugal representado, nem sido convidado
Foram por certo esta as razões que levaram Portugal a considerar a necessidade de reavivar o seu prestígio, envolvendo forte exército para uma incursão aos arredores de Sevilha sob o comando do infante Sancho, conforme se aborda naquele blogue.
(Ataque aos arredores de Sevilha)


As razões dessa acção militar tendem igualmente a fazer lembrar ao papado, que existe Portugal, que espera o seu reconhecimento enquanto reino, continuando a pagar o tributo anual à cúria desde 1143


  • Inicio da construção da 2ºfase do Mosteiro de Alcobaça
Segundo a lenda, no contexto da Reconquista, à época da formação da nacionalidade portuguesa, D. Afonso Henriques prometeu a Santa Maria erguer um mosteiro em sua homenagem, caso ele conseguisse conquistar aos mouros o importante Castelo de Santarém. Com a conquista do mesmo em 1147, o monarca cumpriu o prometido, doando e coutando, em 1153, o território de Alcobaça a Bernardo de Claraval. Esta narrativa encontra-se documentada nos paineis de azulejos nas paredes da Sala dos Reis do Mosteiro, que datam do século XVIII.

Doze monges cistercienses e um abade da mesma Ordem – de acordo com as regras gerais da Ordem o número de monges correspondia ao tamanho mínimo de uma abadia -, tomaram posse do terreno pertencente ao Mosteiro e construíram, a poucos metros do actual Mosteiro e junto ao rio Alcoa, a abadia provisória de Santa Maria-a-Velha, da qual a igreja de Nossa Senhora da Conceição ainda hoje é um testemunho.

 Quando, no ano de 1178, foram iniciadas as obras de construção da igreja e das primeiras divisórias do Mosteiro, o território ainda não se encontrava de todo pacificado, sendo a construção atrasada pelas investidas dos mouros.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Acontecimentos no ano de 1175

  • Morte de D:João Peculiar
Dom João Peculiar falecido em Braga em 3 de Dezembro de 1175, foi um dos aliados mais fiéis de D.Afonso Henriques, estando presente até á data da sua morte, em todas as circunstâncias mais marcantes dos percurso do nosso Rei fundador.

D.João era de origem francesa , mas a família habitava em Coimbra ou na região do Vouga.Deve contudo ter estudado em França, o suficiente para vir a desempenhar as funções de mestre-escola da catedral.

Fundou em terras que era proprietário, uma comunidade eremítica dirigida por João Cirita, que haveria mais tarde ingressar em hábitos cistercienses.

Inimigos de D.João haveriam de o acusar de o ter abandonado.

Fundou em Coimbra em 1131, com D.Telo e D.Teotónio uma comunidade de cónegos regrantes o Mosteiro de Santa Cruz, do qual este último seria o primeiro prior.

Foi D.João que o coroou dizem nas cortes de Lamego, (de existência duvidosa contudo).

Organiza o encontro de Zamora em 1143, que marca o início do processo de independência.

Acompanha D.Afonso na conquista de Lisboa, abençoa enquanto arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, reconhecido desde 1139, a mesquita-mor do mouros e sagrou Gilberto de Hastings 1º bispo da cidade conquistada.

Por sua morte deixou manuscritas muitas dessas cartas em latim.

  • Saladino-Uma personalidade de respeito

Por esta altura em 1175 a fama de Saladino começa a espalhar-se, há 6 anos que fora nomeado sultão do Egipto, sultão de um Império que se estendia da Síria, Egipto até a região central da actual Turquia.

Esse império originário da Síria, veio pôr fim e criar unidade política no mundo muçulmano cujas diversas seitas se guerreavam entre si pela hegemonia, que os enfraquecia.

Durante algum tempo os Estados cristãos sobreviveram na Asia, graças às divisões entre os seus inimigos, tendo os exércitos de seu tio, Nur ad-Din, governador de Alepo (Síria), derrotado todos os outros governantes muçulmanos.

Contudo para além do seu poderio militar Saladino, nascido curdo em Tikrik hoje território Iraquiano, salientou-se também e o seu lugar na História fica marcado por isso, pela sua personalidade.

Numa época em que governar significava crueldade e traição, Saladino destacou-se pela sua honestidade e humanidade, honrava a sua palavra a amigos ou inimigos e ao contrário do que acontecia com o comportamento cristãos, seus homens nunca massacraram prisioneiros indefesos, num tempo em que ainda ficara na memória a tomada de Jerusalém em 1090 pelo cristãos, tão sangrenta que se dizia que nalguns pontos o sangue corria e chegava aos joelhos.

sábado, 23 de junho de 2012

Ano de 1174

  • Casamento de D.Sancho com Dulce de Aragão
Com a entrada da idade adulto, estava na altura de se arranjar um casamento para o príncipe herdeiro.

  • Tornava-se necessário para a continuidade da dinastia de Portugal, não esquecendo que o reconhecimento papal ainda não tinha acontecido, negociar o casamento do inequívoco herdeiro do trono, com a máxima segurança que uma aliança com o reino de Aragão preferenciava como aliás já estivera para acontecer quando da negociação do casamento da infanta Mafalda com o herdeiro do trono de Aragão, Afonso II e que a morte prematura da infanta havia liquidado.
  • A negociação do casamento terá decorrido entre os regentes de Aragão já que Raimundo Berenguer havia morrido e Afonso II apenas teria 14/15 anos.

    Sem dúvida que este casamento interessava aos dois pequenos reinos peninsulares com relações difíceis com os seus vizinhos poderosos e muito agressivos ao passo que a distância entre Portugal e Aragão afastava em muito qualquer colisão de interesses.
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A legitimidade da escolha de Dulce de Aragão para rainha, parecia não estar em perigo, pois a proximidade parental, remontava ao início do século anterior, a parentesco do quinto grau entre os pais dos nubentes, que poderia ser suficiente para afastar o espectro da separação forçada após o casamento, que a ninguém interessava.

A garantia não era absoluta pois em ainda em 1215 a norma era respeitar a interdição do casamento até ao sétimo grau de parentesco.

D.Dulce teria casado com D.Sancho com 14 anos e ele 20 anos, não se conhecendo grandes relatos sobre a noiva, nem sobre o seu dote, pois a normalidade do seu casamento e dos anos que se seguiram sem litígio, não permite a reconstituição desses detalhes.

Logo que a noiva chegou a Coimbra celebraram-se os rituais da boda, na Igreja de São João de Almedina, seguindo depois para o paço régio para o respectivo banquete nupcial.

Como havia sido anteriormente negociado pelos respectivos embaixadores, seguir-se-iam 5 anos de paz, entre os dois reinos

Esperava-também que a filha de Petronilha de Aragão e Raimundo Berenguer IV fosse fértil e nesse aspecto Dulce não desapontaria a corte portuguesa, pois ao longo de 20 anos de casamento, daria à luz no mínimo 11 filhos, suficientes para assegurar a continuidade dinástica.

  • Separação de Urraca Afonso e Fernando II
O casamento entre ambos negociada em 1165 na sequência da paz de Lérez entre os reinos de Portugal e de Leão, mais uma vez não respeitando regras de consaguinidade entre os noivos, ficavam expostos as meandros dos interesses partidários que poderiam levar à dissolução decretada pelo papa.

Assim aconteceu após dez anos de matrimónio o papa Alexandre III, declarou que os consortes eram parentes em terceiro grau, uma vez que eram ambos netos de Urraca de Leão e Castela e Teresa de Leão, filhas de Afonso VI de Castela.

Sob ameaça de censuras eclesiásticas, foram obrigados a separarem-se, com grande pena de Fernando embora algum tempo depois se tenha casado novamente, com Teresa Nunes de Lara, filha do conde D. Nuno de Lara.

Desse casamento nascera em 1171 Afonso IX que viria a ser o último rei de Leão independente, como explico noutro post e noutro local

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Introdução em Portugal da ordem de Santiago

A ordem de Santiago foi fundada por Fernando II em 1170 em Cacéres, mas acabou por fixar a sua sede em Uclés em território de Castela

A sua introdução em Portugal está documentada em data próxima do ano de 1172, tendo desempenhado parte activa e de relevo no episódios que se iriam seguir na Reconquista.

A regra que seguiam era a de Santo Agostinho e muito embora a bula papal recomendasse o celibato, o certo é que ao contrário de Císter, os seus membros não eram obrigados aos voto de castidade, pois a sua carta fundadora pragmaticamente defendia ser melhor "casar do que viver consumindo-se pelas paixões ".

Só na pobreza e obediência, os seus votos se assemelhavam às outras ordens.
A tese do "negócio em pacote", entre Fernando II e o papa Alexandre III, é colocada como hipótese bem plausível por alguns historiadores, dado envolver na mesma época, a separação de Fernando II de Leão e de Urraca, filha de D.Afonso Henriques, a criação da bula de autorização para a criação desta ordem e a concessão do bispado a Ciudad Rodrigo.

Consubstanciava-se assim o poder do rei leonês, pronto para encetar de novo o movimento de Reconquista.

Curiosamente, ou talvez não logo em 1172, ainda a Ordem de Santiago não tinha sido confirmada pelo Papa, o que viria a acontecer somente em 1175 e já D.Afonso Henriques a reconhecia, doando lhe importantes possessões nomeadamente Almada, Alcácer e Palmela, que viria a tornar-se a sede da ordem.

Um foral dado aos habitantes de Monsanto em 1174, já depois do castelo ter sido retirado aos Templários que o haviam reconstruído como disse anteriormente em 1170 e concedido aos de Santiago, é um facto que vem salientar esta preferência súbita que a coroa portuguesa demonstrou, pela ordem hispânica de Santiago, criada por iniciativa do rei leonês.

Qual a razão ? A resposta, escapa-se ao meu entendimento, ficando apenas suposições, entre a estratégia de nos associar à força que se avizinhava forte na Reconquista, ou a continuação do esforço consolidação defensiva e povoamento, como se percebe nortear a concessão por essa altura de forais a muçulmanos livres de Lisboa e outras povoações ao sul do Tejo.

Os Cavaleiros de Santiago, chamados de Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera – ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Acontecimentos no ano de 1171

  • Nascimento de Afonso IX
Urraca Afonso, infanta de Portugal, filha de D. Afonso Henriques e irmã do rei Sancho I casada com Fernando II de Leão, seu primo afastado (pois Fernando era neto de Urraca de Leão e Castela, tia de Afonso Henriques), deu à luz no dia 15 de Agosto o futuro Afonso IX de Leão, último rei de Leão independente, e o úncio filho do casal.

Acontecimentos no ano de 1170

Alguns historiadores têm colocado a questão de considerar que após 1169 o verdadeiro rei, teria sido o príncipe Sancho, pois agravando a incapacidade física que a falhada tomada de Badajoz terá ocasionado, agravada pelo período de cativeiro à ordem do genro, também consideram alguns que D:Afonso Henriques terá sido atingido por um acidente vascular que o deixara totalmente incapacitado.

Mattoso rejeita essa tese, por não haver prova documental credível sobre essa mesma incapacidade, mas a activa intervenção do príncipe herdeiro assumem-no como co-regente na condução do reino, pelo menos no que ás intervenções militares diziam respeito.

Existem numerosos documentos onde se assinala essa "promoção" do infante Sancho, mas cite-se a titulo de exemplo a memória da transladação das relíquias de S.Vicente, redigidas pelo deão da Sé de Lisboa onde se diz "que a cerimónia se realizou no dia 15 de Setembro de 1173, do rei Afonso, aos 67 anos de vida, co-reinando Sancho,filho do mesmo rei, de 19 anos".

D.Sancho já havia sido armado cavaleiro no ano de 1170, mas só depois da cerimónia acima referida, começou a participar na guerra com algum destaque, permanecendo a duvida se o jovem príncipe teria tido a sua função iniciática numa nova tentativa de tomada de Badajoz, conduzida por Geraldo Geraldes no Outono de 1170.

Contudo a chefia militar do exército, evidente depois de 1173, haveria de se reflectir noutros feitos mais marcantes, como a duma grande expedição a Sevilha em 1178 e outra na fronteira leonesa em 1179.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Alterações no comando militar

O desastre de Badajoz viria a provocar um verdadeiro terramoto, que se reflectiu no afastamento de Pêro Pais da Maia, sexto alferes-mor do Reino, que desempenhava o cargo havia mais de 20 anos, incompatibilizado com Afonso I de Portugal, que por certo o responsabilizara por algum aspecto do desenrolar da acção militar decorrida em Badajoz, ou algum acontecimento que poria em causa a sua lealdade.

O senhor da Maia passa ao reino de Leão, onde Fernando II lhe confia o mesmo cargo na sua corte, não passando a figurar entre os confirmantes dos diplomas régios, mesmo depois da morte de D.Afonso Henriques.

O cargo de alferes-mor do Reino, equivalente a um comandante operacional do exército, era de extrema importância, mais ainda numa altura em que se confirmava a incapacidade física de D.Afonso, que não poderia voltar a montar a cavalo.

Aliás a incapacidade física do Rei, aos 60 anos, era muito mais grave do que isso, pois nem sequer poderia voltar a andar e tinha de ser transportado ou em anda ou em colo de homens.

A versão da incapacidade física do rei ser verdadeira, é a mais plausível, contudo, ficou sempre a pairar a ideia, por certo para minimizar a humilhação que o Rei deveria sentir, pela sua condição, que afinal se tratava duma habilidade, mais uma esperteza do nosso Rei, que havia prometido ao genro voltar à prisão, logo que pudesse voltar a montar a cavalo. Assim, a sua incapacidade física seria simulada, para não cumprir esses compromisso

Nesta circunstância a escolha recaiu sobre o seu filho mais velho embora ilegítimo Fernando Afonso, filho da sua ligação com Châmoa Gomes, antes do seu casamento com D.Mafalda.Curiosamente meio-irmão de Pêro Pais, filhos da mesma mãe
Fernando Afonso contava então 30 anos, enquanto Sancho o herdeiro da coroa, jovem adolescente contava apenas 15.

Fernando Afonso foi pois nomeado alferes-mor do Reino em Setembro de 1169.Cargo que manteria durante cerca de 3 anos.

Se bem que nesse período não tenha havido notícia de acontecimentos militares a sua presença no segundo lugar da monarquia portuguesa, viria a provocar, sabe-se hoje, atritos internos, nos jogo de interesses que se formaram em torno da sua figura enquanto sucessor de D.Afonso e de D.Sancho o jovem herdeiro "legal".

Em volta de Fernando Afonso encontrava a nobreza minhota e as ordens militares internacionais, os Templários e os Hospitalários.

Ao lado de D.Sancho colocava-se a nobreza sulista e as ordens militares hispânicas de Santiago, Uclés e Évora.

Será interessante observar como D.Afonso Henriques arbitrou e resolveu este conflito.

As consequências do desastre de Badajoz

As repercussões da vitória de Fernando II, sobre Afonso Henriques, foi de enorme satisfação no reino de Leão, tratava-se afinal duma vitória de grande prestígio, conseguida sobre um rei que somara até aí grandes vitórias.

Mesmo em termos de conquista territorial,o ganho foi enorme, tiveram que ser devolvidas todas as conquistas, que Geraldo Geraldo havia conseguido, situadas a leste do rio Guadiana, bem como as terras que D.Afonso havia conseguido em terras da Galiza, incluindo claro as que já tinha sido acordado devolver em 1165 e que não tinha feito.

Percebe-se que nesse tempo, os interesses duma coroa se sobrepunham aos da cristandade, doutra forma não teria sido possível o mundo cristão elogiar a vitória dum rei cristão sobre outro por aliança com os mouros.

Afonso Henriques nunca o fez, embora acusado por muitos "observadores" da época actual, de não olhar a meios para construir um Reino.

Aceito que a ideia da construção da Pátria, não fosse a questão central pelo menos em termos modernos do conceito de Pátria, naturalmente que a questão pessoal, da conquista de poder, do seu poder, era compatível com os desígnios principais da maioria das coroas reinantes.

O máximo de negociações efectuadas por D.Afonso com os mouros, foram as tréguas, usuais na época, que consistiam em pactos de não agressão.

Afonso Henriques esteve preso em poder do genro, quase 2 meses, voltado para Coimbra e depois para as termas de São Pedro do Sul, onde permaneceu em convalescença alguns meses.

Geraldo sem-Pavor, que também fora preso, foi libertado por entrega das praças que havia conquistado e que se mantinham em poder dos seus homens, pelo que em Março de 1170, já estava de novo em Juromenha, pensando provavelmente no dia em voltaria a tentar a conquista de Badajoz.

A Fernando II de nada valera o estratagema no que à posse de Badajoz, dizia respeito, pois passado o primeiro tempo em que foi reconhecido como o senhor de Badajoz, o certo é que passado pouco tempo, já os almóadas tomavam posse daquela guarnição.

O desastre de Badajoz

Não só Geraldo Geraldes sonhava conquistar Badajoz, também D.Afonso Henriques o desejava, isso prova-se não só pelo desenrolar da acção de ataque no dia 3 de Maio de 1169, como também em documentação produzida onde é colocada na boca do rei a manifestação do interesse pela conquista da fortíssima praça de Badajoz.

Uma vez conquistadas as defesa próximas de Badajoz, parecia óbvio aquele objectivo, que demorou 2 anos a ser preparado, passando pela reparação das muralhas de Évora e a reunião da forças necessárias, para o que se adivinhava ser um cerco demorado, já que o efeito surpresa dos ataques de Geraldo Geraldes, já não contava como tal.

Num primeiro ataque, Geraldo terá conseguido romper as muralhas exteriores, mas a guarnição muçulmana refugiou-se na alcáçova, enquanto D.Afonso Henrique se juntava ás forças de Geraldo, montando cerco.

De Marrocos vieram reforços, que chegados a Sevilha, souberam que o rei Fernando II também havia marchado para Badajoz.

Poderia ser uma boa notícia, saber-se que um rei cristão, se dirigia para Badajoz, onde o seu sogro, um rei cristão tentava conquistar uma praça muçulmana.

Não era uma boa notícia.

Os acordos de Sahagun que em 1158 tinha assinado com seu irmão, haviam estabelecido para o rei leonês os territórios do Alentejo e Algarve.

A posse de Badajoz, como corolário das restantes conquistas alentejanas de Geraldo Geraldes, contrariavam o cumprimento desse acordo.

Precavido contra essa possibilidade havia um ano antes feito um pacto de defesa mutuo com os almóadas.

Como diz Mattoso " o antagonismo religioso entre cristãos e muçulmanos não foi suficiente ... para impedir a sua aliança com o inimigo de sempre.

Essa conjugação de forças foi fatal, para as nossa forças. Na debandada, quando o nosso rei tentava fugir a cavalo, chocou com o ferrolho de uma das portas da muralha exterior, partindo a perna direita.

Ainda tentou seguir até ao Caia, mas foi capturado pelos leoneses e aprisionado à ordem do genro Fernando II.

Havia falhado a conquista de Badajoz e a "fisionomia" do seu reinado, iria mudar por completo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1167

  • Conquista do castelo de Monsaraz
Em 1167, foi conquistada aos mouros por Geraldo Sem Pavor, mas em 1173 torna a cair em poder dos almôadas, na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz.

D. Sancho II, mais tarde auxiliado por cavaleiros dos Templários, conquista Monsaraz definitivamente em 1232 e faz a sua doação à Ordem do Templo

  • Morte de D. Sancha 7º descendente legítimo que morreu com dez anos e cujo nascimento terá estado na origem do falecimento de sua mãe D.Mafalda que viria a morrer cerca de 10 dias depois do seu nascimento

sábado, 17 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1166

  • Foral concedido à cidade de Évora
O primeiro Foral de Évora, datado de 1166, segundo a opinião de especialistas, embora a sua data cause alguma discussão, destinava-se a permitir a formação de um núcleo de povoamento cristão, disposto a estabelecer-se na terra e a valorizá-la após a conquista aos mouros.

Este foral é o único que está relacionado com a ultima fase das conquistas de D.Afonso e que foi atribuido com o propósito de conceder privilégios que se quisessem expor a ataques dos inimigos muçulmanos para procederem à defesa daqueles redutos

  • A Ordem de Calatrava em Évora

Constituindo a mais antiga ordem religiosa militar de Espanha, foi fundada pelo monge cisterciense Raimundo de Fitero em 1158, com o objectivo de defender a povoação de Calatrava contra os Mouros. Dependendo directamente da Santa Sé, que a reconheceu em 1164, o número de seus cavaleiros cresceu rapidamente. Em 1166, alguns deles estabeleceram-se em Évora, ficando a ser conhecidos como os "freires de Évora".


Ordem de Calatrava. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-12-17].
Disponível na www: .


domingo, 20 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1165

  • Casamento de Urraca Afonso com Fernando II de Leão
Afonso Henriques, rei de Portugal casou a sua filha, Urraca com Fernando II de Leão,na sequência do tratado de Pontevedra, seu primo afastado (pois Fernando era neto de Urraca de Leão e Castela, tia de Afonso Henriques), em 1165, tendo ela apenas 15 anos e ele já 28, mas devido aos laços de parentesco o casamento acabou por ser dissolvido pelo Papa em 1175.

De facto nessa época a Igreja Católica proibia os casamentos entre parentes até ao 7º grau de consaguinidade, proibição que podia ser anulada pela solicitação duma dispensa emanada da Santa Sé,pagando por ela uma determinada importância que variava normalmente em função do estatuto social dos contraentes.

Deste casamento nasceu o futuro Afonso IX de Leão (1171), último rei de Leão independente, e o único filho do casal.


  • Conquista de Évora
Geraldo Geraldes, foi nobre cavaleiro que serviu D. Afonso Henriques, mas de quem se afastou para se eximir a um castigo severo por actos condenáveis que praticara, indo, por isso, refugiar-se com o bando de salteadores que organizou e capitaneava, em território sob domínio islamita.

As suas actividades enchiam de terror as populações muçulmanas, mostrando-se-lhe algumas delas amigas a ponto de lhe prestarem auxílio para, deste modo, evitarem os seus assaltos e destruições, pois era um homem verdadeiramente temido tanto por mouros como por cristãos.

As condições em que decorria a sua vida incerta de salteador não se coadunava com a nobreza de ânimo que possuía e, ao mesmo tempo, por sentimentos de amor pátrio, decidiu empreender uma proeza que o acreditasse no conceito do monarca português para todo sempre.

Para isso planeou conquistar aos mouros a opulenta cidade de Évora, empresa bem difícil e árdua. O grupo de cavaleiros e de peões que o seguia e lhe obedecia como chefe vivia num castelo por ele fundado e era formado por guerreiros experimentados, corajosos e capazes dos mais arrojados cometimentos.

O audacioso plano, habilmente preparado por Geraldo, foi posto em prática de surpresa, pela calada da noite. Primeiramente, e apenas com cinco dos seus companheiros, assaltou uma torre onde estavam de vigia um mouro e uma filha, que nesse momento dormiam descuidadamente e a quem cortou as cabeças à cutilada.

Daquela atalaia Geraldo fez, para o castelo de Évora, os sinais convencionais, que conhecia perfeitamente, para prevenir que o inimigo se dispunha a atacar a cidade noutro ponto distanciado daquele e para onde mandara um reduzido número de soldados da sua milícia.

A guarnição eborense, ao receber tal aviso, reuniu-se à pressa e abandonou precipitadamente a fortaleza, procedendo no meio de tamanha confusão que deixou abertas as portas.

Geraldo, o Sem Pavor, correu velozmente com a sua gente de armas, penetrando com felicidade rara na cidade de Évora. Sem perda de tempo, a sua hoste matou ou invalidou os mouros que ficaram no castelo e, tomando as medidas mais adequadas às circunstâncias, pôde impedir a reentrada das tropas que haviam caído nesse ardil de guerra, assenhoreando-se de uma posição estratégica de tão magnifica importância.

Fonte : Joel Serrão

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1165

  • Tratado de Pontevedra

Super flumen Lerice in vetula ponte, referindo-se à antiga ponte romana a Ponte do Burgo localiza-se no concelho de Pontevedra sob a qual as águas do rio Lérez passavam, foi o tratado firmado com o rei Fernando II, no qual para além do acordo de casamento do rei leonês com D.Urraca Afonso na altura com 17 anos tendo Fernando 28, que servia de garante, para a obrigação de respeito pela fronteira de ambos os países definidos na época.

  • Acções bélicas de Geraldo Geraldes
Alexandre Herculano, tentou explicar as razões que levaram ao distanciamento, que D.Afonso Henriques pareceu votar as acções bélicas de Geraldo Geraldes, andando a reboque dos acontecimentos, em vez de os dirigir, comportamento que não condiz nada com o perfil do nosso primeiro rei.

Atribuía Herculano essa passividade ao retemperar de forças portuguesas, duma enorme derrota militar em 1161, na qual o próprio rei teria ficado bastante ferido e onde teriam morrido cerca de 6000 homens num ofensiva almóada conduzida por Abdul-Mumen da qual, teriam sido recuperadas pelos mouros Beja, Évora e Palmela.

Esta explicação, justificava o abandono da linha estratégia de acção seguido pelo rei, passando a ser conduzida por Geraldo Geraldes e o seu bando de malfeitores.

Não encontro em Mattoso, apoio para esta tese mas o certo é que entre 1162 e 1167, Geraldo consegue recuperar não só aquelas praças, como também Elvas , Juromenha, Moura, Serpa,Monsaráz e ao que parece ainda Mourão, Arronches, Crato, Marvão, Alvito e Barrancos, bem como dentro da zona leonesas Trujillo, Cacéres e Lobon.

Aparentemente, colhe melhor a tese do "eclipse"de D.Afonso Henriques, nesse 5 anos, se se aceitar a tese do exército dizimado e dos próprios ferimentos do Rei.

Romântico como sempre, Freitas do Amaral, acrescenta a este período de "pousio" real a ideia duma longa lua de mel, com Elvira Gualtar a sua terceira mulher de quem viria a ter 2 filhas a quem, com a imaginação habitual chamou Teresa Afonso e Urraca Afonso.

Quanto a Geraldo Geraldes, instalou-se após a saga alentejana em Juromenha, não apenas vivendo do rendimento que essas conquistas lhe haviam trazido, mas, congeminando por certo, na maneira de atacar Badajoz.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1161

  • Reconquistas no Alentejo pelos almóadas

Tudo começou com uma grande ofensiva dos almóadas em 1161 no Alentejo pois o
emir de Marrocos Abdul-Mumen, inconformado com as derrotas muçulmanas da última década,aproveitou a oportunidade que lhe era oferecida pela conclusão da conquista da Mauritânia e atravessou o estreito de Gibraltar para dar combate aos portugueses: dizem que dispunha de 18mil cavaleiros armados.

Sabe-se que Abdul-Mumen travou uma grande batalha com D. Afonso Henriques,
em pleno coração do Alentejo, e que derrotou o Rei português, que terá perdido seis mil homens.

Os números são decerto exagerados, mas a verdade é que Portugal ficou outra vez sem Beja,sem Évora e sem Palmela.

Os mouros reaproximaram-se perigosamente de Lisboa, fazendo temer pela manutenção dela.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Ordem de Calatrava é confirmada por Alexandre III

  • A Ordem de Calatrava é confirmada por Alexandre III
Por essa época, o número de cavaleiros da Ordem aumentou rapidamente, e o Papa reconheceu a Ordem de Calatrava, tendo alguns frades vindo a radicar-se em Évora

Constituindo a mais antiga ordem religiosa militar de Espanha, foi fundada pelo monge cisterciense Raimundo de Fitero em 1158, com o objetivo de defender a povoação de Calatrava contra os Mouros.

Entrou em 1166 em Portugal e estabeleceu-se em Évora, pelo que os seus componentes se começaram chamando Freires de Évora.. Foram senhores do castelo de Alcanede, doado por D. Sancho I, e possuíram bens em Coruche, Benavente, Santarém, Lisboa, Mafra, Alpendriz, Panoias, etc. D. Afonso II doou-lhes em 1211 o lugar de Avis, pelo que passaram a ser conhecidos por Freires de Avis. Mais tarde a Ordem de Avis tornou-se independente da de Calatrava.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Acontecimento no ano de 1163

  • Canonização de S.Teotónio

Decorrido um ano sobre a sua morte, foi canonizado, localmente, S. Teotónio, que em meados de 1152, renunciara ao priorado de Santa Cruz e, em 1153 ao bispado de Coimbra, para que tinha sido convidado pelo Papa.

S. Teotónio tornava-se assim o primeiro santo português a subir ao altar, sendo recordado sobretudo por ter sido um reformador da vida religiosa em Portugal.

S. Teotónio tornou-se o Santo Padroeiro da cidade de Viseu e da Respectiva diocese. É ainda padroeiro da vila de Valença, sua terra natal.
  • Abandono de Beja depois de arrasada
Beja que havia sido conquistada no ano anterior pelos cavaleiros-vilãos de Fernão Gonçalves., foi agora abandonada depois de ter sido previamente arrasada
Estes cavaleiros vilão eram não nobres que ao que se julga sediados em Santarém, mas julga-se que esta operação de conquista tenha sido organizada em Coimbra, desconhecendo-se se estas acções de reconquista se faziam com ordem real ou sem ela. O objectivo desta acções era o saque não tanto a ocupação territorial e desta feita permaneceram nesta cidade de 1 de Dezembro de 1162 até Março do ano seguinte, quando decidiram despovoar e arrasar a cidade.
  • Morte de D.João 6ºfilho legítimo
Com apenas 7 anos morreu em parte incerta o penúltimo filho legítimo do casamento com D.Mafalda de Sabóia

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Acontecimentos no ano de 1162

  • Início da construção da Sé Velha de Coimbra

A Sé Velha é um magnífico exemplar românico em Portugal, sendo a única no país que conserva o essencial da sua traça. A primeira pedra deste templo românico foi lançada em 1162.

O interior é sóbrio e pouco iluminado e contém um admirável núcleo de capitéis românicos.

Contém duas obras de João de Ruão, a Porta Especiosa e o retábulo da capela do Sacramento. Destaca-se o retábulo de Olivier de Gand.

O claustro é uma das primeiras obras góticas do país. É um local com algum simbolismo estudantil, visto que a serenata onde se canta o Fado de Coimbra durante a Queima das Fitas se realiza aqui.

  • Morte de São Teotónio prior do mosteiro de Santa Cruz

Ao longo da sua vida, São Teotónio desempenhou o papel de colaborador espiritual de D. Afonso Henriques. Diz a sua biografia que o Rei, quando soube da sua morte, teria dito: «antes estará a sua alma no céu do que o corpo no sepulcro».

A data da morte de São Teotónio em 18 de Fevereiro de 1162 merece actualmente o consenso generalizado de todos os historiadores.

Poderá assim parecer ocioso deter-mo-nos na análise dos elementos de prova. Penso, contudo, que merece a pena fazer esse percurso, pois, embora o último documento de que dispomos do prior Teotónio seja de 1162, isso, só por si, não nos permite concluir com segurança que não tenha vivido para além dessa data.

Fonte: Medievalista

Acontecimentos no ano de 1162


  • Mercenários conquistam Beja
(torre de menagem do castelo de Beja)

Como nota de abertura , uma passagem duma entrevista de José Mattoso, por certo um dos maiores investigadores medievais e em especial da vida e acção do nosso caudilho (sic) D.Afonso Henriques. Diz ele à agência Lusa

"Santarém é conquistada pelo assalto por surpresa de um pequeno bando; em Lisboa, se não fossem os cruzados, não haveria conquista; Alcácer do Sal é assaltado várias vezes, entre elas por um pequeno grupo de cavaleiros vilãos que nem tinham armadura; Évora foi conquistada por Geraldo Sem Pavor com um grupo de 'latrones', isto é, por um bando de mercenários que agiam por conta própria ou se podiam pôr a serviço de quem os recrutasse; também foram eles que conquistaram Beja".

O fenómeno mercenário, não é pois uma invenção do século XX. Já acontecia 800 antes, grupos de pessoas oferecerem os seus préstimos por dinheiro ou outro tipo de benesses, sem qualquer intuito patriótico ou nacionalista, conceito aliás muito ténue em 1159.

Muito embora Mattoso não faça menção a uma tomada de Beja em 1159, alguns autores assinalam-na, considerando o dia 30 de Novembro de 1162, como a data da sua reconquista.

Pode realmente ter acontecido essa incursão em 1159, já que também era hábito, em certas ocasiões, que essas conquistas, não tivessem outro objectivo, que o de um mero saque, chegando por vezes os "conquistadores" a permanecer na cidade durante algum tempo, enquanto existirem víveres e nos campos em redor, depois despovoarem-na a arrasarem as muralhas, sem se preocuparem com as consequência militares da expedição.

Se assim aconteceu em 1162, tendo por ali permanecido durante cerca de 4 meses, porque não admitir que o mesmo tenha acontecido igualmente em 1159 ?

Geraldo Geraldes, teria sido anteriormente um cavaleiro-vilão de Santarém, antes de formar o seu próprio grupo mercenário, terá negociado com D.Afonso Henriques a posse de Évora, como veremos adiante, antes de vir a pôr-se ao serviço do emir de Marrocos.

Não foi contudo caso único na época, o "rei" de Valência Ibn Mardanish, chefia grupos cristãos atacando almóadas, enquanto pagava tributo a Castela pela sua liberdade de acção.

Fernão Castro mordomo de Fernando II abandonou a corte leonesa para viver algum tempo da guerra ao lado dos almóadas sevilhanos.

  • Geraldo Geraldes conquista o Alentejo
Alexandre Herculano, tentou explicar as razões que levaram ao distanciamento, que D.Afonso Henriques pareceu votar as acções bélicas de Geraldo Geraldes, andando a reboque dos acontecimentos, em vez de os dirigir, comportamento que não condiz nada com o perfil do nosso primeiro rei.

Atribuía Herculano essa passividade ao retemperar de forças portuguesas, duma enorme derrota militar em 1161, na qual o próprio rei teria ficado bastante ferido e onde teriam morrido cerca de 6000 homens num ofensiva almóada conduzida por Abdul-Mumen da qual, teriam sido recuperadas pelos mouros Beja, Évora e Palmela.

Esta explicação, justificava o abandono da linha estratégia de acção seguido pelo rei, passando a ser conduzida por Geraldo Geraldes e o seu bando de malfeitores.

Não encontro em Mattoso, apoio para esta tese mas o certo é que entre 1162 e 1167, Geraldo consegue recuperar não só aquelas praças, como também Elvas , Juromenha, Moura, Serpa,Monsaráz e ao que parece ainda Mourão, Arronches, Crato, Marvão, Alvito e Barrancos, bem como dentro da zona leonesas Trujillo, Cacéres e Lobon.

Aparentemente, colhe melhor a tese do "eclipse"de D.Afonso Henriques, nesse 5 anos, se se aceitar a tese do exército dizimado e dos próprios ferimentos do Rei.

Romântico como sempre, Freitas do Amaral, acrescenta a este período de "pousio" real a ideia duma longa lua de mel, com Elvira Gualtar a sua terceira mulher de quem viria a ter 2 filhas a quem, com a imaginação habitual chamou Teresa Afonso e Urraca Afonso.

Quanto a Geraldo Geraldes, instalou-se após a saga alentejana em Juromenha, não apenas vivendo do rendimento que essas conquistas lhe haviam trazido, mas, congeminando por certo, na maneira de atacar Badajoz.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Acontecimentos no ano de 1160

  • Janeiro,30-Tratado de casamento entre D. Mafalda, filha de D. Afonso Henriques, com Raimundo Berenguer filho do príncipe de Aragão.
Afonso Henriques recebe em Santa Maria del Palo, perto de Tui, o conde de Barcelona, Raimundo Berenguer IV com quem negociou o casamento de sua filha, a infanta Mafalda, nessa altura com 6 ou 7 anos, com o filho desse conde e de sua mulher Petronilha, herdeira do trono de Aragão, na altura com apenas 3 anos.
  • Doação de Vila Verde aos francos

Após a reconquista deu-se o início ao repovoamento cristão. O rei tomou posse dos castelos existentes e mandou construir outros. Óbidos, Torres Vedras e Alenquer desenvolveram-se com novos habitantes, foram dadas terras aos emigrantes e aos cruzados francos que ajudaram na reconquista. Foi o caso de Vila Verde dos Francos, doada por D. Afonso Henriques ao franco Dom Alardo em 1160.


  • Foral de Celeirós do Douro
Os primeiros séculos desta povoação estão praticamente indocumentados, para além do foral concedido por D. Afonso Henriques a 4 de Dezembro de 1188, logo após a fundação da nacionalidade, apenas a partir do século xv, a documentação surge com mais intensidade.

A freguesia de Celeirós do Douro, encontra-se a cinco quilómetros da sede do Concelho Sabrosa, estando integrada na Região Demarcada do Douro.

Os templários fundam a primeira igreja, sob a invocação de Santa Maria do Olival



  • Acordo de Cellanova com Fernando II
Por razões que se prendiam com envolvimentos hostis com a coroa de Castela, também convinha a Fernando II de Leão, apaziguar as suas relações com o vizinho ocidental peninsular, atendendo ao acordo que Portugal havia consignado com o conde de Barcelona em Janeiro de 1160.

Assim no final desse mesmo ano, Fernando II consegue impor a D.Afonso Henriques um encontro no mosteiro beneditino de Celanova, na Galiza, pelo qual o nosso rei se comprometia a restituir-lhe a soberania da cidade de Tui e os respectivos territórios, promessa que aliás, não veio a cumprir e que ele havia tomado em 1159

Muito embora a documentação existente não seja concludente, terá sido igualmente acordado os limites da fronteira do Guadiana, ficando esboçado que Elvas se antevia viria a pertencer a Afonso Henriques e Badajoz a Fernando II, quando viessem a ser conquistadas.

Como "selagem" deste duplo compromisso político, os dois Reis firmaram acordo de contrato de casamento, através do qual, o Rei de Portugal concedia a mão da sua filha mais velha, D.Urraca, então com 12 anos, ao Rei de Leão e da Galiza.

Os dois acordo conseguidos em Tui e em Celanova pareciam assegurar alguma tranquilidade ao rei português, no que ás suas fronteiras do norte do País dizia respeito, podia deixar antever que a continuação do avanço para sul da península poderia vir a decorrer com mais facilidade.

Assim não virá a acontecer.

Acontecimentos no ano de 1159

  • Doação do castelo de Ceres aos Templários
Datam de pelo menos 10 anos antes da derrota de Badajoz, as iniciativas de D.Afonso Henriques, no sentido de promover a defesa do reino, em especial no que a Lisboa e Santarém dizia respeito.

Deve destacar-se nessa altura o papel dos Templários e do seu mestre Gualdim Pais na edificação de fortificações e consequente consolidação defensiva do território português.

* Gualdim Pais terá sido desde muito jovem, educado e feito cavaleiro pelo próprio rei. Oriundo dum família pertencente à nobreza minhota, natural de Priscos-Braga, terá logo a seguir à conquista de Lisboa com apenas 22 anos seguido para a Terra Santa, para combater pela Fé.
* Muito jovem também voltou, pois já em 1156-57 se assinala a sua presença em Portugal, na doação que o Rei lhe faz, sendo já mestre Templário, de várias casas e herdades situadas em Sintra.
* Em Fevereiro de 1159 fez-lhes doação do castelo de Ceres, como compensação dos direitos cedidos à Sé de Lisboa, dos rendimentos eclesiásticos que os Templários, haviam obtido por doação real quando da conquista de Santarém em 1147.
* Esta troca de doações veio a propiciar não a reconstrução do castelo de Ceres, mas a edificação dum outro mais a sul, num local onde haverá de nascer a povoação de Tomar e que será o centro da ordem em Portugal.
* Foram introduzidas pelos Templários, novas técnicas arquitectónicas, trazidas por certo da Terra Nova por Gualdim Pais, (exaustivamente estudado pelo prof.Mário Barroca), que terão de tal modo agradado a D.Afonso Henriques que em 30 de Novembro de 1165. assina nova carta de doação para dois novos castelo na fronteira leste do território, Idanha-a-Velha e Monsanto, cujos trabalhos só iniciaram por volta de 1170, data em que terá terminada a construção do castelo de Tomar.
* Outros castelos se seguirão, sempre com a utilização das mesmas soluções técnicas, Almourol, Penarroias,Longroiva, Zêzere e Cardiga.
* Esta política de consolidação defensiva, seria posta a prova em anos seguintes durante as violentas invasões almóadas.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A conquista de Alcácer do Sal



Entre 1147 e 1151 não há notícia de feitos militares ou outros de importância significativa. 4 anos passados depois da conquista de Lisboa, não inteiramente dedicados ao descanso, pois algumas decisões foram tomadas sobre a administração do reino, com a concessão de forais, doação de terras a cruzados que o ajudaram na conquista de Lisboa.

Foi tempo de família,com o nascimento de 2 filhos legítimos.

Naturalmente que os olhos se voltavam, para outros horizontes que arvoravam bandeiras muçulmanas, donde seria sempre possível esperarem-se novos ataques mas também apetecíveis locais de saque.

A consolidação desta estratégia apontava a sul para Alcácer do Sal, povoação muito antiga cuja ocupação remonta ao paleolítico, mas foi a partir do período romano que Alcácer do Sal assumiu papel de importante relevo na vida económica do Alentejo. Conhecida por "Salatia Urbs Imperatoria", a cidade tinha moeda própria e direitos iguais aos municípios romanos.

Sob o domínio visigótico, Alcácer constitui-se como cidade episcopal, cujo bispo era S. Januário Mártir.Durante o domínio árabe passa ao nome de Al-Kassr, donde provém o topónimo actual - Alcácer do Sal.

Pelo menos desde 990 que Alcácer se tornara um grande centro árabe, que aí construíram estaleiros para construção naval, donde partiram expedições como por exemplo a frota que atacou violentamente Santiago de Compostela em 997.

Grande centro comercial, devido ao porto, entreposto entre Évora e Badajoz, ou que subindo o Sado, podiam relativamente aproximar-se doutra via fluvial o Guadiana, que desembocava nas costas algarvias.

Conta-se nos Anais de D.Afonso que terá havido uma primeira tentativa de assalto à frente de uma reduzida força de assalto de 60 cavaleiros que, pretendendo explorar o elemento surpresa, foram vigorosamente repelidos pelos defensores, que lograram ferir o soberano, mas os Anais não aponta para nenhuma data, pelo que o acontecimento carece de confirmação.

Em 1153 há uma segunda tentativa de conquista de Alcácer, desta vez com a ajuda de cruzados comandados por Thierry conde de Flandres, que se dirigia à Síria, mas esta coligação foi derrotada.

Em Abril de 1159, pela terceira vez, tenta de novo a conquista desta feita sem aliança, apenas com as sua próprias forças militares, conseguindo em 24 de Junho de 1159, 30 anos depois da batalha de São Mamede, a conquista da fortíssima praça de Alcácer do Sal.

Mais uma vez deixa que os mouros depois de derrotados, partam com as suas famílias, que irão ocupar alguns dos férteis terrenos do Sado.

Com esta conquista ficará mais fácil o próximo alvo no Alentejo, a conquista de Évora e Beja.

sábado, 2 de abril de 2011

Acontecimentos no ano de 1157


  • Nascimento de D.Sancha última filha lgítima
Nos primeiros dias de Novembro de 1157 terá nascido o ultimos dos 7 filhos de D.Afonso Henriques do seu casamento com D.Mafalda.

D.Sancha terá vivido apenas 10 anos e como era habitual na época terá sido criada pro Teresa Afonso a viúva de Egas Moniz de Riba Douro, pois foi nesta casa que foram criados e educados alguns dos filhos de D.Afonso Henriques, para mais neste caso de orfandade tal deve ter acontecido


  • Morte de D.Mafalda
No dia 3 de Novembro terá falecido em Coimbra com cerca de 32 anos a rainha D.Mafalda, em sequência de problemas ocorridas durante o parto do seu 7ºfilho D.Sancha. Foi sepultada na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, junto do marido, que lhe sobreviveu mais 27 anos.

D.Mafalda deixou orfãos 6 filhos com idades compreendidas entre os 9 anos da filha Urraca e os poucos dias da recém nascida Sancha.

Na documentação régia encontram-se poucas referências ao papel de Mafalda como rainha, mas em dois documentos aparece como outorgante e em abas as situações relacionada com a ordem de Cluny que evidenciaria uma especial devoção aos cluniacenses, Num dels em 1146 refere a doação do Mosteiro do Vimieiro e outro em data incerta o Mosteiro de S.Pedro de Rates.

São lhe atribuidas muitas fundações de piedade e penitência como o Mosteiro de Santa Marinha da Costa (na foto) em Guimarães (possivelmente em 1154,) e o hospital de Marco de Canavezes.

É lhe atribuída também a iniciativa da construção de uma ponte sobre o rio Tâmega e outra sobre o Douro em Mesão Frio.

O testamento da rainha refere que as suas obras sao feitas em prol da sua alma da do rei e dos reis e rainhs que lhes seguissem, que revelava o medo que na época o Juízo Final infundia pela possibilidade da morte em pecado, que procuravam redimir-se como doações em testamento.

terça-feira, 22 de março de 2011

Acontecimentos no ano de 1156

  • Reconhecimento da soberania portuguesa

Numa carta regia em Palência, D,Afonso VII, onde na qual se intitula Imperador de toda a Espanha, regulando todo o terreno a norte e a sul do rio Minho, diz que a sua decisão foi tomada em consenso com D.Afonso Henriques rei de Portugal, não o citando como vassalo, o que faz em relacção ao conde de Barcelona e aos reis de Navarra e de Murcia.

Isto corresponde ao reconhecimento da soberania portuguesa e ao tratamento de D.Afonso Henriques em plano de igualdade e foi assinada em 1 de Dezembro de 1156

  • Nascimento de D.João
Nascimento do 6º filho legítimo e que viria a morrer ainda criança a 25 de Agosto de 1163

sexta-feira, 18 de março de 2011

Acontecimentos no ano de 1155

  • Morte de D.Henrique 1º filho legítimo
Com apenas 8 anos faleceu o primeiro Infante de Portugal e herdeiro da Coroa na história da Monarquia Portuguesa, que viria a ser do seu irmão mais novo, D. Sancho I.

  • O concílio de Valhadolid

Em Valhadolid nos dias 19 e 20 de Setembro celebrou-se um concílio a que assistiu uma grande quantidade de bispos leoneses, galegos, castelhanos e navarros mas um único português o bispo de Coimbra e pelas cópias existentes se constata que as recomendações trazidas pelo legado Jacinto reflectiam os decretos do segundo concílio ecuménico de Latrão além disso tratou-se da delimitação das fronteiras das dioceses de Astorga e Orense

Significativas as ausências de D.João Peculiar e do bispo do Porto, muito embora a falta de informação, não permita que se tirem conclusões, mas a inquestionável importância de ambos, levanta interrogações sobre a sua ausência, para mais atendendo a que tinham esta presentes os sufragâneos do primeiro.

Poder-se-á interpretar , sobretudo a ausência de D.João Peculiar, como uma manifestação política devido ao facto de estar presente o rei de Leão.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Acontecimnetos no ano de 1154

  • Nascimento de D.Sancho I
No dia 11 de Novembro de 1154, nasceu em Coimbra um menino que não fora destinado para assumir a realeza, visto que já existia um primogénito de D.Afonso Henriques, de nome Henrique e que havia nascido em 1147.

O nome de Martinho deram-lhe por ter vindo ao Mundo no dia do santo com o mesmo nome S.Martinho de Tours, santo muito venerado não só em França, mas também na Península Ibérica

Porém a morte deste seu irmão aos 8 anos, veio transformá-lo no sucessor de seu pai,que no imediato veio a resultar na alteração do seu nome de Martinho para Sancho.

Consideraram na altura que o nome Martinho, que lhe havia sido atribuído, por certo por ter nascido no dia daquele Santo, não lhe concedia dignidade régia.

Não porque São Martinho tivesse ressonância dum santo menor, mas também por não haver na Península Ibérica, nenhum rei com este nome, nem o seria no futuro, pelo menos durante os séculos XII e XIII.

Sabe-se pouco sobre a infância de Sancho, que ficou sem mãe aos 3 anos, por morte da rainha Matilde em Dezembro de 1157, quando do parto do seu sexto filho a princesa Sancha.

Presume-se sem grandes certezas, que a sua educação, terá sido entregue a D.Teresa Afonso segunda mulher e viúva de Egas Moniz.

Para saber mais sobre D.Sancho enquanto rei de Portugal pode consultar-se o meu outro blog, dedicado a este rei D.Sancho I

  • Visita do legado papal Cardeal Jacinto à Hispânia

O cardeal Jacinto legado papal inicia este ano uma viagem a Hispânia com assuntos para resolver. Não apenas para divulgar uma cruzada contra Sevilha, mas também para resolver os problemas que surgiam entre as diocese de Braga e de Compostela,
Ao longo da sua viagem foi recolhendo várias queixas de ambas as partes no seu percurso em que passou por Segóvia, Burgos e Orense antes de chegar a Coimbra a 8 de Outubro de 1154 e depois para Braga onde presidiu a um concílio a que assistiram o rei, D.João Peculiar e outro bispos

Não foram bem sucedidos os seus intentos de conciliação de interesses entre as duas sedes episcopais, pelo que acabaria por convocar os interessados para um Concilio a decorrer em Valladolid no ano seguinte com inicio a 25 de Janeiro

Acontecimentos no ano de 1153

  • Concessão do foral a Abadia de Alcobaça

D.Afonso doou e coutou muitas terras na região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da promessa feita, em 1147, quando da conquista de Santarém. É de cerca de 1152 o começo da construção provisória do mosteiro em Alcobaça, sendo conhecida no mesmo ano uma referência ao seu abade.

A carta de doação foi assinada por D. Afonso Henriques no ano seguinte a 8 de Abril de 1153.

Primeiramente em instalações precárias iniciando as obras em 1178 já com uma comunidade mais numerosa a edificação da abadia nova, que só em 1223 viria acolher os primeiros residentes da comunidade

Se se comparar a planta da igreja do Mosteiro de Alcobaça com a da segunda igreja de Claraval, vemos que têm a quase a mesma dimensão e disposição espacial.

  • Nascimento de D.Mafalda 4ºfilho com D.Mafalda
Nasceu em Coimbra, em ano incerto, que em Tui em 1160 D.Afonso havia de negociar o seu casamento com o conde D. Raimundo de Berenguer, filho do conde de Barcelona, tinha a jovem 7 anos, mas ela viria a falecer pouco depois


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Concessão do foral a Freixo de Espada à Cinta



O castelo de Freixo de Espada à Cinta é uma das mais antigas fortalezas transmontanas, estando documentada desde praticamente o século XII e antecedendo, por isso, o fenómeno de vilas novas criadas por D. Afonso III e D. Dinis.

A referência mais antiga data de 1152 ou 1155-1157, anos em que D. Afonso Henriques passou carta de foral à localidade.

É de presumir que a construção da fortaleza tenha ocorrido a partir deste diploma, mas só possuímos informações documentais relativas a obras em 1258. Perante estes dados, é provável que, logo no século XII, se tenha edificado um primitivo reduto, eventualmente com cerca a defender a povoação, como sugere Mário Barroca, fortificação essa que acabaria por ser ocupada pelas tropas leonesas entre 1212 e 1213.

Deste primeiro momento de vida do castelo, todavia, pouco ou nada é o que sabemos e o conjunto aguarda ainda por uma monografia rigorosa que permita identificar, por exemplo, se partes da actual muralha podem corresponder a esse período.

No século XIII, a partir do foral outorgado por D. Afonso III, datado de 1273, o castelo foi objecto de uma extensa campanha de obras. Estamos mal informados a respeito da extensão dos trabalhos realizados, pela grande destruição actual do conjunto, mas não restam dúvidas da grande importância desta campanha, em particular a que se desenvolveu no reinado de D. Dinis, a ponto de Rui de Pina escrever que este monarca povoou de novo e fez o castelo.

O principal elemento remanescente é a alta e cenograficamente refinada torre heptagonal (também designada por Torre do Galo). De fabrico dionisino, trata-se, ao que tudo indica, da torre de menagem do castelo gótico, independentemente de Rita Costa GOMES, admitir que tal função havia sido reservada a uma “das torres quadrangulares hoje demolidas, de traça mais arcaica” e de a torre heptagonal ser já posterior, eventualmente do reinado de D. Fernando.

Com cerca de 25 metros de altura, e com faces de diferentes larguras, impõe-se na malha antiga da localidade e é uma das mais importantes realizações militares do tempo de D. Dinis, testemunhando o aparecimento dos dispositivos de tiro vertical, através dos balcões corridos assentes em cachorrada e com chão perfurado (também designados por machicoulis), e a complexificação planimétrica da estrutura, que permitia uma melhor defesa circundante.

sábado, 3 de abril de 2010

O tempo da acalmia (1148-1150)

O infante primogénito nasceu a 5 de Março de 1147, foi-lhe dado o nome de Henrique em homenagem a seu avô, mas morreu com apenas 8 anos.

Depois dele 3 filhas Urraca (nascida em 1148), Teresa (nascida em 1151) e Mafalda (nascida em 1153), só depois nasceria em 1154 Sancho e que viria a ser o herdeiro do trono, mas a quem foi dado inicialmente o nome de Martinho, por ter nascido no dia 11 de Novembro.

Só depois da morte do irmão Henrique, lhe foi mudado o nome para Sancho, perante a evidência de vir a ser ele o sucessor de D.Afonso Henriques. Talvez porque o nome de Martinho, não tivesse "conotações régias", lho tenham mudado, mas Mattoso pergunta com alguma propriedade pelas razões que levaram a escolher o nome de Sancho, relacionado com os reis de Navarra.

Depois de Martinho(Sancho), a rainha ainda foi mãe por mais duas vezes dum filho de nome João (nascido em 1156) e Sancha (nascida em 1157).

Além de Henrique , também não chegaram a adultos Mafalda que morreu com 11 ou 12 anos, D.João que morreu com 7 anos e Sancha com 10.

A idade adulta portanto apenas chegaram Sancho, D.Urraca e D.Teresa.

D.Urraca viria a casar em 1160 com o rei Fernando II de Leão que tinha começado a reinar em 1157, após a morte de Afonso VII em 21 de Agosto, na repartição do Império dividido com Sancho III em Castela.

Este casamento só durou 11 anos, pois em 1171 papa Alexandre III procedeu á anulação desse matrimónio, com o fundamento na falta de dispensa de parentesco, atendendo a serem primos segundo, pois as respectivas avós (Urraca e Teresa) serem irmãs.

A outra irmâ D.Teresa, foi uma figura importante.Não tendo sido prometida em casamento, foi educada presumivelmente por D.Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, pois como era costume na época os infantes não eram criados pela mãe mas entregues a alguém da nobreza que se encarregava da respectiva educação.

Consta-se ter sido a filha predilecta do rei, tendo sido durante muito anos sua grande colaboradora que a associou a diversas tarefas importantes, nomeadamente depois do desastre de Badajoz em 1169, com mais adiante se verá.

Só veio a casar-se em 1184, já com 33 anos um ano depois da morte de seu pai, com Filipe da Alsácia, o que demonstra a deliberação assumida eventualmente pela própria e pelo seu pai, de não ter querido relacionar-se mais cedo, já que também existem fontes que asseguram o facto de ter sido muito bela e inteligente.

Mesmo sua irmã Mafalda, que morreu com 11/12 anos, não deixou de se casar com o princípe Afonso que viria a reinar mais tarde em Aragão com o nome de Afonso II, muito embora não tenha sido consumado o casamento, que bem demonstra como eram prematuros os acontecimentos naquele tempo.

O jovem herdeiro Henrique afinal até havia "representado" o seu pai em Toledo num concílio com apenas 3 anos, muito embora acolitado pela voz de D.João Peculiar