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sábado, 24 de janeiro de 2009

O Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra



A petição da criação da ordem do Templo é enviada pelo Papa Honório II ao concílio de Troyes a pedido do patriarca de Jerusalém (Estevão), que foi aprovada no dia 14 de Janeiro de 1128 onde se aprovam as regras que deveriam seguir os pobres cavaleiros de Cristo.

A pronta adesão de D.Teresa à novidade, trazida pela criação das ordens, que se reflectiu um várias doações e benesses, como a do Mosteiro de Leça do Balio aos Hospitalários, equivale ao igual entusiasmo com que D.Afonso Henriques encarou a fundação em Coimbra em 1131, de uma comunidade de cónegos regrantes de Santo Agostinho.

A protecção do infante, manifestou-se desde logo pela cedência do local, uma importante propriedade urbana junto aos muros da cidade no local onde estavam instalados os banhos reais(decerto construídos pelos muçulmanos). Depois pelo próprio financiamento das obras que duraram muitos anos, muito embora a vida comunitária no mosteiro, tivesse começado pouco menos de uma ano depois em 24 de Fevereiro de 1132.

Com todo o apoio "real", foi grande o desenvolvimento que estes cónegos regrantes de Santa Cruz alcançaram, desde o seu primeiro prior, Teotónio. Fundaram várias albergarias, cultivando sobretudo a recepção a hospedes e peregrinos.

Brincando um pouco, direi que se dedicaram ao turismo,com a vantagem de se aproveitarem do privilégio de isenção canónica, para reservarem para si, todas as funções pastorais, nos territórios que foram adquirindo, fundando jurisdições que escapavam á influência do bispo, recebendo portanto todos os rendimentos canónicos.

Para além disso, procuravam completar o testemunho do exemplo, por meio duma vida austera, disciplinada e rigorosa, com a pregação da palavra de Deus e a prática de obras de misericórdia.

Do primitivo mosteiro românico nada resta. Sabemos que tinha uma só nave e uma alta torre na fachada, características das construções românicas agostinhas, mas nenhum elemento dessa campanha chegou até hoje. Na primeira metade do século XVI o Mosteiro foi integralmente reformado por ordem de D. Manuel, monarca que assumiu a tutela do cenóbio.

Todo o complexo monástico, a igreja e os túmulos de D. Afonso Henriques e seu sucessor, D. Sancho I, foram reformulados e transferidos para a capela-mor em 1530, onde ainda hoje se encontram inseridos numa obra escultórica da autoria de Nicolau de Chanterenne.

Da grande reforma manuelina conduzida pelo arquitecto Boytac resta a configuração geral da igreja e a Sala do Capítulo, com as duas coberturas abatidas e nervuradas. Marco Pires continuou as obras, e a ele deve-se a conclusão da igreja, a Capela de São Miguel e o claustro do Silêncio(ver foto). O portal principal, executado entre 1522 e 1525, é a peça mais emblemática de todo o conjunto monástico, obra de Chanterenne, que conjuga elementos manuelinos com outros de clara raiz renascentista.
(IPPAR)

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