Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs
Mostrar mensagens com a etiqueta w-1139. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta w-1139. Mostrar todas as mensagens

sábado, 5 de dezembro de 2009

D.João Peculiar recebe o pálio em Roma



Uma vez nomeado arcebispo primaz de Braga, D.João Peculiar vai mais uma vez a Roma para receber o palio, que Inocêncio II lhe entregou, ordenando-lhe que assistisse ao concilio Lateranense II, que naquele tempo se celebrava

D.João era um homem de Coimbra, onde nasceu e estudou, antes de rumar à Universidade de Paris.

Quando regressou foi mestre-escola da catedral de Coimbra, quando era arcediago D. Telo, que acompanhou a Roma para implorar de Inocêncio II, que o instituto dos cónegos regulares de Santo Agostinho fosse restituído à sua primitiva observância.

Coimbra aliás que D.João nunca esqueceu onde ia com muita frequência, ao mesmo tempo que influenciava Braga com alguns costumes e ritos dessa sua antiga canónica.

.Regressando a Braga foi recebido com as maiores demonstrações de respeito e de júbilo

D. João Peculiar foi um dos mais próximos conselheiros de Afonso Henriques e o grande cérebro da Cúria Régia - o grande responsável pela política de doações terras e concessões de cartas de Couto a numerosos mosteiros.

Foi arcebispo de Braga durante 36 anos

A Batalha de Ourique-O milagre



Alexandre Herculano)

A grande religiosidade da Idade Média, foi um dos factores, para o desenvolvimento do carácter místico atribuído á batalha de Ourique.

A crença que havia na existência de milagres interventivos na vida dos povos e neste caso colocando Portugal como país amparado pela vontade de Deus.


Em traços largos a Crónica de Duarte Galvão conta-a assim :

"Quando foi finda a tarde, depois que o príncipe fez pôr as guardas no seu arraial, o eremita que estava na ermida, veio até ele e disse-lhe :

-Príncipe D.Afonso, Deus te manda por mim dizer que, pela grande vontade e desejo que tens de o servir, quer que tu sejas ledo e esforçado, el te fará amanhã vencer el-rei Ismar e todos os seus grandes poderes. E mais te manda dizer que quando ouvires tocar uma campaínha que está na ermida, deves sair fora e ele te aparecerá no céu, assim como padeceu pelo pecadores (...)

Desde que partiu o eremita, D.Afonso pôs os joelhos em terra e disse :

-Oh senhor bom Deus todo-poderoso, a quem todas as criaturas obedecem, sujeitas a teu poder e querer, a ti só conheço e agradeço (...) E tu senhor, sabes que por te servir passo muita fadiga e trabalho contra estes teus inimigos, com os quais, por serem contra ti, eu não quero paz nem quero tê-los como amigos.

E desde que isto disse, com outras palavras muito devotas, encomendou-se a Deus e à Virgem gloriosa, Sua mãe. Então encostou-se e adormeceu.

E quando foi uma meia-hora antes da manhã, tocou a campaínha como o eremita dissera, o príncipe saiu fora da sua tenda e segundo disse ele mesmo e deu testemunho em sua história, viu Nosso Senhor em cruz, na maneira que lhe dissera o eremita.

E adorou-o muito devotamente com lágrimas de grande prazer.

(...) Neste aparecimento foi o príncipe D.Afonso certificado por Deus de sempre Portugal haver de ser conservado em reino.

(...) Tudo é para crer que Nosso Senhor quereria e faria a Príncipe tão virtuoso, sobre quem fundara reino e reis, tão virtuosos para o seu serviço e da santa fé católica"

Na mesma Crónica se conta mais tarde que D.Afonso relatou aos seus seguidores o acontecido, nomeadamente a divina protecção prometida, tendo sido depois aclamado por todos como rei de Portugal

"-Real, real por el-rei D.Afonso Henriques de Portugal "

Esta visão sobrenatural da fundação de Portugal, manteve-se convictamente enraizada na consciência nacional durante cinco séculos.

Seria Alexandre Herculano no primeiro volume da sua História de Portugal a por em dúvida o chamado "milagre de Ourique", sendo confrontado na altura com enormes protestos provenientes de sectores católicos mais tradicionalistas.

A batalha de Ourique-A aclamação

A importância que a historiografia deu a esta batalha, pelo menos até meados do século XIX, deveu-se ao facto de a ela estar associada a aclamação de D.Afonso Henriques como rei de Portugal, já que esse título aparece pela primeira vez num documento, bem datado, a 10 de Abril de 1140.

Outros de datação menos segura podem apontar para outras datas, mas uma coisa é certa, não foi encontrado nenhum documento autêntico que atribua o título de rei a D.Afonso Henrique anterior a 25 de Julho de 1139 dia em que se deu a batalha.

Não deve contudo considerar-se essa alteração significativa em termos de independência, a mudança operada no foro interno a passagem de condado a reino, pouco alterava a situação de dependência face a Afonso VII.

A atribuição do título de rei foi pois um momento importante sob o aspecto pessoal, mas não significou mais do que mostrar a vontade de ser independente.

A batalha de Ourique começou a assumir o seu carácter lendário, aparecendo pela primeira vez no princípio do sec XIV na Crónica Galego-Portuguesa de Espanha e Portugal.

Começa-se a esboçar a lenda de Ourique:batalha travada contra numerosa força de cinco reis mouros e ganha ou pela força da protecção divina (versão clerical) ou pela valentia dos cavaleiros (versão nobiliárquica).

As fontes árabes silenciam-na, assim como as crónicas castelhanas, omissão que tem sido interpretada como indício seguro de que o confronto, apenas reduzido a uma memória regional, nunca terá tido as dimensões que os textos de Coimbra mais tarde lhe atribuíram.

Na sequência de Alexandre Herculano, admite-se hoje que Ourique tenha consistido num simples fossado, ainda que se conceba que nele pudessem estar envolvidas forças de algumas importantes cidades islâmicas chefiadas pelo respectivo governador ou alcaide, atendendo a que, em 1139, desde Abril, Afonso VII cercava a praça moura de Oreja, motivando a mobilização de tropas provenientes de todo o al-Andalus, podendo ter sido um dos seus contingentes aquele que foi derrotado em Ourique.

É nesta linha que os "modernos" defensores da possibilidade da batalha de Ourique se ter travado mesmo no Alentejo, em traços gerais
  • concentração de exércitos mouros coligados defendendo Oreja, enfraqueceriam as forças no litoral peninsular.
  • durante mais de um mês, as forças de Afonso Henriques, atravessando o Tejo fora das linhas almorávidas, atacaram povoações menos bem defendidas, chegando até a Andaluzia.
  • O governado de Córdova terá reunido algumas tropas, tentando eliminar os atacantes, tendo então sido vencido na campina de Ourique.

A Batalha de Ourique-Localização

Não se sabe se o fossado da Ladeia, anteriormente referido, já tinha sido encorajado pelos de D.Afonso VII de 1133, que durante 4 meses devastou os territórios inimigos até á Andaluzia, o certo é que muitos outros se seguiram, alguns com êxito, outros como o de Tomar no ano de 1137, classificado como de "infortúnio" pelos Anais de D.Afonso.

Em fins de Junho princípios de Julho, o príncipe português parte de Coimbra com as suas tropas, em direcção ao Sul com o propósito de retomar e reerguer o castelo de Leiria e em 25 de Julho de 1139 dá-se um batalha , num local que fontes da época e posteriores denominam de Ourique.

A incursão em território inimigo, terá sido interceptado em Ourique pelo rei Esmar, que foi vencido e teve que abandonar o campo de batalha.

Onde se situava então Ourique ?

A resposta é controversa, entre a interpretação clássica que situa Ourique na vila que conserva hoje o mesmo nome a sul de Beja e de Castro Verde, cujo nome designava, uma extensa zona de pastagem.

Perguntando-se os críticos desta tese, como é que o jovem infante conseguiria passar as suas tropas num percurso de mais de 250 quilómetros, sem antes ser interceptado por exércitos inimigos, Com forças situadas pelo menos em Santarém, Lisboa, Palmela, Évora e Beja.

Para responder a esta dificuldade, alguns historiadores, têm proposto como local de batalha, não essa vila alentejana, mas outros locais com o mesmo nome, visto que pelo menos existem mais três :

  • um nas proximidades do Cartaxo
  • outro nas proximidades de Leiria
  • outro junto a Penela
Desde 1900 o prof.David Lopes sustentou, que dadas as posições militares dos portugueses e dos muçulmanos na época, Ourique tinha necessariamente que se situar a norte de Santarém, indicando a localização de "Chão de Ourique" próximo do Cartaxo, apenas 15 quilómetros a sul de Santarém.

Considerando que D.Afonso partiu de Coimbra em direcção ao sul e se defrontou pouco depois com as tropas de Esmar, que lha saíram ao caminho, é lógico concluir-se que Ourique só poderia situar-se entre Leiria e Santarém, sendo nesse caso de excluir todas as outras hipóteses, restando (segundo Freitas do Amaral) a de se considerar como local de batalha o "Campo de Ourique", junto á nascente do rio Lis, na freguesia de Cortes, concelho de Leiria, hipótese colocada pelo Dr.José Saraiva em 1929.

Resumindo
  • Em princípios de Julho D.Afonso sai de Coimbra com o seu exército, para ir recuperar o castelo de Leiria.
  • Apossando-se deste castelo, deixa um punhado de homens a guardá-lo e a proceder á reconstrução do castelo.
  • Continuando para sul, pode ter-lhe ocorrido conquistar Santarém.
  • Esmar governador militar de Santarém, avança para norte, para lhe sair ao caminho.
  • Dá-se então a confrontação em "Campo de Ourique", sendo Esmar derrotado.
Esta hipótese bastante simplista, embora com alguma lógica, afasta outras "divagações" históricas que se foram produzindo durante séculos, sobre a heroicidade do feito, em que a desproporção de forças, entre as hostes portuguesas e muçulmanas, era enorme , atendendo a que do lado "infiel" se alinhavam nada menos do que forças de 5 reis mouros, vindas de Sevilha, Badajoz,Évora e Beja.

Como seria possível ter acontecido tal coligação, se a recuperação de Leiria, intentada por D.Afonso Henriques, ocorreu de repente ?

Poderemos estar contudo a falar de mera coincidência de ocorrências, que levantaria a possibilidade da coligação se estar a preparar para atacar Coimbra, como retaliação ao inúmeros fossados que as hostes portucalenses se tinham habituado a intentar.

Ver-se-á que outros historiadores defendem outras teses, associando o combate militar de Ourique, a outras "coligações divinas", que lhe conferirão o estatuto de milagre