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segunda-feira, 8 de março de 2010

Conquista de Santarém



Castelo de Santarém)

Chegara a altura em que, embora reconhecido como rei, pelo seu primo Afonso VII e vassalo do Papa, Afonso Henriques toma consciência da pequenez dos seus domínios. Em definitivo, para Norte ainda que reivindicando possessões de sua mãe a experiência em termos de expansão não tinha surtido efeito, restava-lhe o avanço para Sul, desbravando terras "infiéis", cuja conquista fosse bem mais consentânea com o seu título de cavaleiro de São Pedro, que o papa lhe atribuíra.

A sul, onde grassava alguma desordem resultante dum novo fundamentalismo religioso, assumido pelos almôadas, que vinham substituindo os antigos corruptos almorávidas, podia ser uma possibilidade, equiparada ao prestígio das Cruzadas

Santarém torna-se então de primordial importância na estratégia de desenvolvimento, primeiro por ser um ponto forte de partida para os ataques que eram feitos a Leiria e Coimbra e depois como praça fundamental na defesa de Lisboa, que não seria conquistável, sem primeiro se conquistar Santarém.

É nesta linha de pensamento que actualmente incidem as opiniões dos historiadores medievalistas, que associam a conquista de Santarém ao facto de terem sido anteriormente "negociados" os apoios que viria a receber para concretizar a conquista de Lisboa.

Sendo pois imperiosa a conquista de Santarém, torna-se evidente que só um ataque de surpresa, poderia surtir efeito para tomar de assalto uma praça tão forte.

A surpresa sugere penetração na cidade durante a noite e exige segredo, "o segredo exige o pequeno número de combatentes, o pequeno número exige uma selecção rigorosa (J.Mattoso).

Assim na madrugada do dia 15 de Março de 1147, o pequeno grupo (talvez 120 pessoas) entra na cidade e submete-a rapidamente.

Tal foi a facilidade da conquista em apenas uma noite, sendo Santarém uma praça muito forte e rica, em contraste com os quatro meses que foram necessários para a conquista de Lisboa, que se pode questionar se não teria havido conivência de parte de alguém dentro da cidade.

Havia em Santarém muitos habitantes moçárabes (cristão de cultura árabe), pois a cidade apenas havia estado sob ocupação almorávida entre 1111 e 1140.

Outra questão interessante, conta-se, foi a forma que Afonso Henriques utilizou para romper as tréguas estabelecidas, entre as tropas portuguesas e Santarém, já que os usos da época determinavam que se não podia atacar havendo tréguas, sem primeiro avisar o inimigo.

D.Afonso Henriques terá então enviado Martin Mohab, numa terça-feira a Santarém dizendo que as tréguas estavam "rotas por três dias", mas atacou dois dias depois do prazo indicado.

A isto chamou Alexandre Herculano uma "perfídia", outros dirão que foi muito inteligente e hábil, típica da arte de guerra.

D.Afonso Henriques foi muitas vezes hábil, demasiadas vezes esperto em fazer acordos e a rompê-los, assim começámos a ser Portugal.

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